Ter sido presidente da Associação dos Motociclistas do Estado de Sergipe (AMO-SE) durante dois anos e meio representou na minha vida uma experiência inesquecível. O motociclismo é uma paixão que envolve e que unifica, mas que também serve de base para separar pseudo-amizades.
Pensei muito na decisão que agora torno publica e pensei mais ainda no que dizer sobre esta minha decisão.
Presidir paixões não é nada fácil. Assumimos os trabalhos da AMO-SE sabendo que quando acertássemos, iram vir os elogios e os apoios e que quando os esforços fossem maiores que os acertos, viriam as criticas e as acusações de desorganização.
Ao longo destes dois anos e meio fiz aquilo que estava ao meu alcance, por vezes sacrificando a própria saúde e renunciando o convívio familiar.
Montamos um TIME para tentarmos erguer uma instituição representativa do motociclismo em nosso querido Sergipe e colocá-la em nível de igualdade das demais co-irmãs existentes no Nordeste. Este era o nosso compromisso e o nosso objetivo primário.
Hoje a AMO-SE está consolidada e fomos sede e maiores responsáveis pela criação da AMO Nordeste, que ainda encontra-se engatinhando mas que certamente muito irá frutificar como já o demonstrou com a criação da FMC da Paraíba e está se esforçando para a criação da FMC do Maranhão.
Apesar das inúmeras criticas demos continuidade a árdua tarefa de tentar organizar o motociclismo em nosso Estado. Ao longo destes 30 meses, vimos o motociclismo sergipano se consolidar. Foram criados inúmeros motoclubes e motogrupos em diversos municípios e os eventos motociclisticos se espalharam por todo o Estado.
Tentei, no limite das minhas forças, organizar aquilo que podia e que nos solicitavam apoio. Desenvolvemos um marketing em torno do nome da AMO-SE e considero que todos nós somos vencedores e merecedores do nome que temos hoje.
Entretanto a instituição deve ser maior que as pessoas. Hoje nosso nome não mais agrega o motociclismo como outrora o fazia e as criticas, boicotes e ameaças até mesmo contra a nossa vida e da nossa família, onde tivemos de registrar boletins de ocorrência policial e contar com escolta armada para freqüentar eventos em nosso próprio Estado, têm provocado um desnecessário desgaste da imagem da AMO-SE perante o meio motociclistico em Sergipe e até no vizinho estado da querida Bahia.
É necessário que a AMO-SE permaneça e continue a trilhar seu caminho e para tal a nossa presença não apenas a frente da instituição mas também nela já não é salutar e diria ser até prejudicial.
Não é sem uma profunda dor em meu coração que escrevo esta Carta de Renúncia, pois em nosso entendimento temos a sensação do dever cumprido. Não há seqüência de injustos e fúteis ataques que se rivalizem à felicidade de ver a grandiosidade em que se transformou a AMO-SE.
"A mesma paixão que empolga, consome. A injustiça generalizada, machuca. O espírito é forte, mas o corpo paga a conta. Me exige agora cuidar da saúde" (Ricardo Teixeira).
Diz o ditado que Deus escreve certo por linhas tortas e em Sergipe isto é um fato: hoje todos os motociclistas sabem o nome daqueles poucos que se uniram para evitarem a organização e o crescimento da AMO-SE. São muito poucos, quase insignificantes, mas que como galinha caipira quando bota ovos fazem um barulho descomunal. Em nosso meio ainda perdura o silêncio da grande maioria pacifica e é a esta maioria que dedico estas últimas linhas: acordem, ajudem e apoiem aqueles que irão continuar com o trabalho que começamos.
O motociclismo sergipano e a AMO Sergipe certamente sobriverá e se mostrará muito maior que a mesquinhez dos seus algozes. Somente a união de todos em torno do ideal de um motociclismo sadio, esportivo e familiar sobrepujará a corja de mentiras e infâmias que tentaram plantar em nosso seio.
Em obediência ao nosso Estatuto, mais precisamente ao artigo 22°, competirá ao vice-presidente Egivaldo Campos Freitas (Shyko - Serigy MC), presidir a AMO-SE até o fim do mandato (março de 2013) ou convocar eleições gerais antecipadas. A você meu amigo Shyko, desejo sorte, discernimento e força, para enfrentar as dificuldades que certamente virão.
Agradeço aos muitos e verdadeiros amigos motociclistas de Sergipe, da Bahia, de Alagoas, de Pernambuco, do Ceará, do Piauí, do Maranhão, do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro que nos emprestaram seus apoios e solidariedade nos bons e nos maus momentos.
Agradeço aos presidentes das entidades formadoras da AMO Nordeste, amigos leais em quem sempre encontrei apoio incondicional para o desempenho de meu trabalho. Agradeço a conceituada Revista Moto Clubes, em especial ao amigo Maia, que sempre esteve disponível para nos ajudar na divulgação e organização dos nossos eventos. Agradeço a Associação dos Expositores, em especial aos amigos Papagaio e Chileno, que nunca mediram esforços para se fazerem presentes dentro das nossas fronteiras.
Agradeço a todos aqueles que integraram e aos que integram a atual Diretoria da AMO-SE que da forma de cada um e no esforço individual fizeram o que puderam para tornar grande esta nossa instituição.
Agradeço de forma especial a minha esposa, amiga e companheira de todas as horas, Josi, que sempre esteve ao nosso lado suportando o insuportável e dividindo conosco um fardo que apenas o matrimônio e o amor são capazes de torná-lo menos dolorido.
Agradeço, por fim, ao Arquiteto dos Universos, DEUS, pela maravilhosa oportunidade que me concedeu de ter a honra de estar a frente desta instituição e é a ELE que peço que ilumine a mente daquelas frágeis mentes que sempre estiveram a margem do motociclismo sergipano, que nunca se preocuparam em unir ou se mobilizarem para tentar unirem aquilo que estava disperso, mas que ao verem outros iniciarem este trabalho, logo cresceram em sua pequenês e fizeram de tudo para destruir o que estava sendo construído.
Que Deus ilumine a todos e que fortaleça ainda mais os laços de união, de paz e de harmonia no seio do motociclismo sergipano.
Aracaju – SE, 05 de junho de 2012.
Marcos Vinicius Tavares Oliveira
ex-Presidente da AMO-SE